Crise interna e insatisfação da torcida marcam o presente do Paysandu, lanterna da Série B, sob a gestão de Roger Aguilera. Um ex-diretor de futebol do clube, o empresário Fred Carvalho, formalizou denúncias ao Ministério Público, alegando improbidade administrativa e gestão temerária. As acusações recaem sobre um grupo político que, segundo ele, controla o clube há anos, perpetuando lideranças ligadas ao antigo grupo Novos Rumos.
Carvalho sustenta que “famílias” dominam a política interna, gerando graves irregularidades financeiras e falta de transparência, especialmente durante a gestão do ex-presidente Maurício Ettinger (2021-2024). A principal acusação é a não prestação de contas de verbas de patrocínio recebidas entre 2021 e 2024. O denunciante afirma que não há registros das atas das Assembleias Gerais de Prestações de Contas nos sites do Paysandu e da Federação Paraense de Futebol (FPF-PA) durante o período citado.
As denúncias se baseiam na Lei Pelé e na Nova Lei Geral do Esporte, que exigem transparência na gestão dos clubes, incluindo a publicação de demonstrações contábeis e financeiras auditadas por empresa independente, acessíveis ao público em meio eletrônico.
O ex-diretor alega que o Paysandu recebia verbas públicas oficiais em contas particulares vinculadas ao ex-diretor financeiro Abelardo Serra. Ele cita dois valores específicos: R$ 26.600, repassados pela Alubar Global em janeiro de 2023, e R$ 20.976,69, oriundos do Programa Sócio Bicolor, ambos destinados à conta de Serra. Segundo a denúncia, o ex-diretor recebeu valores do clube em sua conta devido a um bloqueio judicial, mas os valores recebidos em sua conta não constariam nas prestações de contas. O levantamento do denunciante indica que cerca de R$ 800 mil foram depositados na conta do ex-diretor, com aproximadamente R$ 500 mil repassados ao clube.
A suposta irregularidade teria causado prejuízos ao clube, culminando no TransferBan da Fifa, devido à compra do jogador Keffel junto ao Torreense, de Portugal, em julho de 2024. O clube pagou parte do valor, com o restante sendo quitado como patrocínio pelo Governo do Pará.
Diante da situação, o ex-diretor de futebol afirma ter acionado o MP por temer um colapso do clube. Ele questiona como o clube, com arrecadação de R$ 75 milhões em 2024 e R$ 80 milhões em 2025, enfrenta a situação atual. Carvalho alega que a família Couceiro estaria envolvida na questão política, Maurício Ettinger na financeira e a família Aguilera no futebol.
Outro ponto levantado é o patrocínio dado pelo vereador de Belém, André Martha Filho, às categorias de base do Paysandu, o que poderia infringir a legislação brasileira que impede agentes públicos de usarem seus cargos para promoção pessoal.
O denunciante afirma que a família Couceiro deteria mais de mil títulos de sócio-proprietário, utilizados para influenciar as eleições. Ele alega que, nas eleições de 2020, Antônio Couceiro teria investido mais de R$ 260 mil na compra e regularização de títulos.
O denunciante ainda questiona os investimentos no centro de treinamento (CT) do clube, considerando os valores declarados e a estrutura existente. Além disso, o clube foi penalizado pela Justiça do Trabalho a pagar mais de R$ 1,5 milhão devido a atrasos salariais ocorridos em 2024.
O denunciante acredita que as manobras fiscais são passíveis de crime, com base no estatuto do clube e na Nova Lei Geral do Esporte, que endureceu as regras de responsabilização para clubes e dirigentes.
Fonte: www.oliberal.com